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O REFLEXO NO SISTEMA PORTUÁRIO BRASILEIRO DO PÓS COVID

  • Foto do escritor: Daniela Ohana
    Daniela Ohana
  • 8 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de jan.


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O caos logístico no comércio internacional após lockdown dos portos e alta de preços sem precedentes.

O comércio marítimo é um dos principais expoentes da economia desde o início do próprio comércio. Os portos geram uma receita de milhões todos os meses para todos. Um porto parado gera prejuízos milionários e desequilíbrio na balança comercial.

Há vinte anos, ocupa o primeiro lugar do ranking de porto de contêineres mais movimentados do mundo. Em 2020 este porto movimentou 43,5 milhões de TEUs, três vezes mais que o de Roterdã, na Holanda.

Desde março de 2022, presidente da China, Xi Jinping, decretou uma medida batizada como Covid Zero, onde foram enclausurados dentro de casa os habitantes de 27 cidades chinesas, em um severo regime de isolamento. Entre as metrópoles interditadas estão megalópoles costeiras como Shenzhen, Guang­zhou e, principalmente, Xangai.


O fim dos lockdowns

Apesar do reaquecimento econômico decorrente do fim dos primeiros lockdowns, a situação continua caótica.

Desde o segundo semestre de 2020, onde já havia uma situação de escassez de produtos e matérias-primas nas cadeias de suprimentos em escala global, com a decretação medida Covid Zero, todas as atividades de embarque e desembarque foram drasticamente reduzidas. O prazo de liberação de contêineres nos portos da China passou de três para vinte dias.

Neste momento, estabeleceu-se o caos logístico no comercio internacional. O resultado foram colossais filas de navios à espera de autorização para atracar.


A consultoria internacional especializada em navegação Windward calcula que, na última semana de abril, aglomeravam-se nos portos da China pelo menos 506 embarcações de grande porte, entre navios de carga e petroleiros, a maioria delas parada nos arredores de Xangai.


Para o Brasil, que tem na China seu maior parceiro comercial, trata-se de notícias preocupantes. No ano passado, a balança comercial entre os países somou 136 bilhões de dólares.


Essa crise logística traz ainda complicadores como o elevado preço dos fretes marítimos, que passou de 8. 100 dólares por contêiner em março para os atuais 8. 900 dólares. Antes do coronavírus, o valor era de, aproximadamente, 3. 000 dólares.


E ainda, as restrições impostas pelas autoridades chinesas, entre outros entraves, impediram que os caminhões tivessem acesso ao porto, o que gerou um acúmulo de contêineres e redução de pelo menos 30% na produtividade os efeitos desta paralisação podem ser sentidos durante meses e até chegarem a 2023.


Dados publicados em revistas especializadas no setor afirmam que dos 9. 000 navios porta-contêineres em operação atualmente, cerca de 1. 800 estão fora de ação, retidos em engarrafamentos portuários espalhados pelo globo.



Somada a esse “problema chinês”, a continuação muito além do previsto do conflito no Leste Europeu, iniciado em 24 de fevereiro com a invasão da Rússia à Ucrânia, eleva o nível de preocupação de todas as empresas de comércio internacional. Ainda sem uma solução à vista, a guerra europeia se transformou em mais um fator de desequilíbrio nas relações entre os países, sem considerar as dúvidas em relação ao posicionamento da China nesse confronto. Revista Portos e Navios – Artigo Problemas com porto de Xangai não terminarão tão cedo. Rafael Rocha . 1 de junho de 2022



Mesmo com a volta às operações no porto de Xangai, o momento de crise irá se estender. Os portos ocidentais já se preparam para o crescimento da demanda e preveem grandes congestionamentos. Especialistas afirmam que ocorrerá aumento de carga e, consequentemente, escassez da capacidade e pressão de alta nas tarifas. Os importadores, por sua vez, estão aumentando os estoques de segurança para evitar o que vimos no ano passado, com armazéns congestionados em todos os lugares.


A pressão sobre as companhias marítimas tem sido enorme, na medida em que não têm conseguido manter os horários de atracações e partidas, congestionando ainda mais os portos. Também há uma expectativa em relação ao resultado do que chamamos de “blank sailing” – quando um porto não pode receber determinada embarcação dentro de sua rota prevista – e de quanto isso levará a um aumento ainda mais acentuado dos custos, principalmente nas taxas spot.


Ao que tudo indica, o cenário mundial para o setor de logística continuará a atravessar um período conturbado, seja por questões geopolíticas, seja por questões ligadas à saúde pública. E o impacto no ritmo de entregas de produtos e preços será inevitável.

 

 
 
 

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